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domingo, 15 de novembro de 2020

PATRONO COSTÁBILE ROMANO - CADEIRA 30 - MARCELINO ROMANO MACHADO

 COSTÁBILE ROMANO

 Marcelino Romano Machado

Quando tomei posse na ALARP, tive como patrono o jornalista Costábile Romano, ex-Prefeito de Ribeirão Preto, ex-Deputado Estadual, homem trabalhador e que, embora pertencente às classes mais humildes da sociedade, conseguiu se eleger e se destacar nos cargos públicos que exerceu através de um trabalho sério e dedicado à toda coletividade.

Em 2016, com a  colaboração do jornalista e biógrafo Nicola Tornatore (precocemente falecido) e de Renato Castanhari Junior, na produção, escrevi livro sobre Costábile Romano, hoje pronto e que será lançado em breve.

Assim sendo,  vou reproduzir alguns trechos para que todos possam tirar uma ideia do que será a obra em seu conteúdo e apresentação. É claro que fatos, eventos, acontecimentos, assuntos polemizados, histórias familiares, enfim,  tudo que uma pessoa, por muitas vezes polêmica, possa ter passado em sua existência está retratado nesse livro, inclusive com depoimentos, fotos e ilustrações.

Para que possam ter uma ideia sobre o conteúdo do livro, faço  a transcrição do seu Prefácio, de autoria do jornalista e biógrafo Nicola Tornatore:

           PREFÁCIO

            “Meu primeiro contato com o legado do ex-prefeito Costábile Romano foi ainda nos anos 90, quando comecei a investigar a história  de Ribeirão Preto por meio principalmente de pesquisas nos acervos de nossos jornais antigos. Apesar de nascido e criado em Ribeirão Preto, tinha até então poucas informações sobre o político que nos anos 50 comandara  a Prefeitura.

    

 Logo me surpreendi com o incomparável festejo do Centenário de Ribeirão Preto em 1956. Uma comemoração que era para ser apenas local transformou-se num evento nacional,  reunindo o Presidente Juscelino Kubitscheck, o governador em exercício José Porfírio da Paz, o presidente da Câmara dos Deputados Ulysses Guimarães e dezenas  de milhares de moradores de nossa cidade e da região.

          Depois, a transformação dos bairros da periferia (com a chegada de água, esgoto, asfalto) do cenário cultural (a partir da vinda de Jaime Zeiger e Bassano Vacarini); e do Ensino Superior (com a criação do campus da Universidade de São Paulo),  para citar apenas três dos setores que qualquer pesquisa  histórica divide em dois momentos distintos – o antes e o depois de Costábile Romano .

          A herança do ex-prefeito e deputado estadual é de tal  porte que, na passagem do cinquentenário de sua morte precoce, esse é um resgate mais que oportuno. A frase do  mais conhecido filosófo chinês,  Confúcio, de que “se queres prever o futuro, estuda o passado” encaixa -se perfeitamente nesse trabalho de pesquisa e coleta de depoimentos, feito em parceria com o sobrinho do biografado, Marcelino Romano Machado.

          Afinal, entre muitos outros pioneirismos, como o de ter sido o primeiro prefeito a priorizar a majoritária população dos bairros da periferia, Costábile Romano foi o primeiro a prever que a sua querida Ribeirão Preto se transformaria numa metrópole, meio século antes dessa previsão se tornar realidade. Aprendamos, então, com o impressionante legado de Costábile Romano, um homem público, na perfeita acepção do termo, que “gostava demais desta bendita terra.”

                                                                                           Nicola Tornatore

Também outro jornalista e historiador, Júlio José Chiavenato fala sobre Costábile em sua origem como empresário, jornalista e prefeito.   

           Júlio José Chiavenato, jornalista e escritor, fez parte da Redação do jornal O Diário na década de 60, quando Costábile Romano era deputado estadual.

          “Foi Costábile Romano, como empresário, quem iniciou a profissionalização da imprensa de Ribeirão Preto. E sua eleição para prefeito significou uma grande mudança porque rompeu uma tradição secular, nunca  antes o Palácio Rio Branco tinha sido ocupado por alguém de origem humilde. Costábile teve ainda de enfrentar uma forte oposição e os apelido pejorativos de “italianinho” e “padeirinho” atestam isso. Foi o primeiro prefeito a olhar para os bairros da periferia. E o último bom prefeito de Ribeirão Preto”.


Outro depoimento, esse mais no sentido de amizade e familiar é o de Vera Gaetani (que nos deixou recentemente) e que diz o seguinte:-

          

          D.Vera Gaetani, viúva do Dr. Luiz Gaetani


            “Costábile Romano e sua eposa D.Núncia tinham um carinho muito grande pelo Luiz.  E a amizade vinha de longa data, já que um irmão do Costábile, o Fortunato, contava que o Luiz comprava pão na padaria da famíia Romano  ainda criança, usava calças curtas. Logo após nosso casamento, o Dr. Costábile Romano nomeou o Luiz primeiro médico da Prefeitura e depois ortopedista do Sassom. Outro fato que aproximou as famílias Romano e Gaetani é que ambas são oriundas da mesma região da Itália, a Província de Salerno.”

Após essas observações, seria importante relembrar que Costábile era filho de imigrantes italianos que vieram para o Brasil bem no final do século XIX,já casados na Itália, tendo fixado suas atividades em São Paulo-SP, ficando entre o bairro do Brás e a padaria da Rua Formosa, no centro da cidade.

Alguns anos depois vieram para Ribeirão Preto, onde montaram uma padaria na Praça Coração de Maria, na Vila Tibério, a qual anos depois, foi transferida  para o início da Rua 7 de setembro com o nome de Padaria Minerva. Neste interim, após trabalhar algum tempo na padaria, inclusive ajudando seu pai na entrega dos pães, Costábile  começou a militar na imprensa local trabalhando primeiro como redator e repórter esportivo, sendo que, posteriormente passou para os setores geral, político,  até ser, respectivamente, diretor e proprietário do jornal “Diário da Manhã”.

Aí começou o misto de sua trajetória entre o jornalista e o político.

Vende o Diário da Manhã e funda o Jornal O Diário em 1955. Passa pela presidência do Botafogo F.C. e se candidata a prefeito de Ribeirão Preto em três eleições consecutivas, tendo sido eleito na última em 1955. Aquele menino, filho de imigrantes italianos, que entregava pão nos finais da madrugada, cujo adversários o chamavam  pejorativamente de “padeirinho” e “italianinho” foi o primeiro político vindo das classes humildes e trabalhadora a se eleger Prefeito Municipal de Ribeirão Preto.

Entretanto, logo após sua posse como prefeito, Costábile, que não tomava conhecimento dos apelidos que seus adversários lhe davam , procurou todos eles para que se unissem pelo bem da cidade.

Fez como se fosse um apelo por Ribeirão!

No começo enfrentou algumas resistências, mas depois conseguiu a união de todos, inclusive de grandes empresários e da elite opositora. Com isso Ribeirão começou a despontar e teve um ápice nas comemorações e festividades do seu Centenário. Foi nessa época que nossa cidade entrou para o grande cenário nacional com as grandes comemorações, com  a vinda de grandes empresários, governantes estrangeiros e as grandes lideranças políticas da época, como deputados, governadores de estado, culminando com o Presidente da República em dia de grande gala no qual Ribeirão recebeu inúmeros recursos para o início de seu marco como metrópole e centro regional de desenvolvimento.

                                                                            

Com isso não podemos deixar de destacar a grande Revolução Cultural que teve Ribeirão Preto, iniciada naquela época com a vinda de dois grandes nomes que trabalharam com muita dedicação pela arte, cultura e desenvolvimento da nossa cidade. São eles: o engenheiro Jaime Zeiger e o artista plástico  Basano Vaccarini, os quais se juntaram aos artistas locais e transformaram Ribeirão Preto num templo cultural de muito destaque.

Isso não só pela coreografia e qualidade dos eventos culturais realizados pela ocasião do centenário da cidade, mas também pelos acontecimentos culturais posteriores com reflexos positivos até hoje em função do legado deixado.


Finalizando posso dizer que me orgulho muito de minha descendência e de ocupar nesta Academia, a cadeira de Costábile Romano. Ficam portanto, essas considerações enviadas à nossa ALARP, na esperança de que possa ter contribuído com o trabalho que me foi solicitado.


Ribeirão Preto, 09 de novembro de 2020.


Marcelino Romano Machado


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